Os mercados financeiros ajustaram suas projeções e agora preveem um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa Selic nesta semana, além de juros básicos mais altos até 2025. Essas revisões refletem um cenário de pressões inflacionárias crescentes e expectativas de desvalorização cambial, com a inflação ultrapassando o teto da meta neste e nos próximos dois anos.
De acordo com o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, a estimativa é que a Selic encerre 2023 em 12,00%, ante os 11,75% projetados na semana anterior. Atualmente, a taxa básica está em 11,25%, e a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece nesta terça e quarta-feira.
Juros Mais Altos até 2025
Para 2025, a projeção mediana da taxa Selic também foi revisada, subindo de 12,63% para 13,50%. Esses ajustes ocorrem diante de um cenário onde o mercado passou a estimar o IPCA — principal índice de inflação do país — em 4,84% para 2024 e 4,59% para 2025, ambos acima do teto da meta, que é de 4,5% (centro da meta de 3,00% mais 1,5 ponto de tolerância).
As projeções para 2026 e 2027 também foram revisadas, com a inflação esperada de 4,00% e 3,58%, ante 3,81% e 3,50%, respectivamente.
Dólar e PIB
Outro fator que intensifica a pressão inflacionária é a desvalorização do real. O relatório Focus apontou que a expectativa para o dólar no final de 2023 subiu de R$ 5,70 para R$ 5,95, enquanto para 2025 passou de R$ 5,60 para R$ 5,77.
Por outro lado, as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foram revisadas para cima. A economia brasileira agora é esperada crescer 3,39% em 2024 e 2,00% em 2025, ante estimativas anteriores de 3,22% e 1,95%.
Próximos Dados
Nesta terça-feira, o IBGE divulgará o IPCA de novembro, com analistas consultados pela Reuters projetando alta de 0,37% no mês e 4,85% no acumulado de 12 meses. Já na quarta-feira, o Banco Central anunciará sua decisão sobre a política monetária, determinando os próximos passos para conter a inflação e estabilizar as expectativas econômicas.
As revisões no relatório Focus reforçam o desafio de equilibrar inflação, juros e crescimento econômico em um ambiente de incertezas domésticas e externas.